Apesar das expectativas de queda no desempenho do mercado imobiliário este ano, em razão da pandemia do novo coronavírus, o setor tem apresentado resultados positivos durante os meses de isolamento social. A taxa básica de juros (Selic) no patamar mais baixo da história (2,25% ao ano), somada a uma nova demanda por imóveis mais espaçosos criada pelo confinamento ajudaram a impulsionar as vendas, que já ocorrem de forma 100% digital. O mercado está otimista, mas há o receio de que a situação desande, se o desemprego continuar crescendo, e a economia não apresentar sinais de melhora nos próximos meses. Com isso, a tendência é que os preços permaneçam estáveis.
O levantamento Raio-X Fipe Zap, realizado com dados do primeiro trimestre deste ano, apontava para uma expectativa de queda nominal de 5,6% no preço dos imóveis ao longo dos próximos 12 meses, em contraponto à alta nominal de 0,9% esperada pelos agentes do mercado no último trimestre de 2019. “Essa mudança no perfil das expectativas pode ser atribuída, em boa medida, aos impactos e incertezas decorrentes do avanço da Covid-19”, dizia o relatório.
Porém, o que se observou nos meses seguintes foi um aumento nas vendas que surpreendeu o setor. O Índice FipeZap apresentou alta nominal de 0,23% do preço médio de venda em maio, superando as variações observadas em abril (0,20%) e em março (0,18%).
— Em março, no primeiro mês de pandemia, tivemos uma retração no fechamento de negócios. Mas depois houve um aumento nas vendas. Em maio, fizemos um pré-lançamento no Recreio, com pouca divulgação, praticamente só no boca a boca, e dos 72 apartamentos, vendi 40 e tenho várias reservas — comemorou André Moreira, presidente da Martinelli Imóveis.
A Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ) identificou, no início da pandemia, o pior resultado da história do setor, com queda vertiginosa em todas as etapas, desde a procura por imóveis até a concretização da venda.
— De lá para cá, porém, temos observado melhora, principalmente na procura, que é uma etapa importante. E, diferentemente de outras crises, a indústria agora está preparada para uma retomada rápida. A dúvida é se a gente vai ter a confiança do consumidor ou uma situação econômica que possibilite essa retomada — avalia Claudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ.
Para Moreira, apesar da instabilidade da situação econômica e de saúde pública no país, não aconteceram flutuações significativas nos preços dos imóveis. Segundo ele, não houve o desespero para vender, o que poderia puxar os valores para baixo, nem há espaço para que fiquem mais caros:
— Os preços haviam subido muito e, nos últimos cinco anos, se adequaram a um valor justo de mercado. A expectativa é que se mantenham.
Fonte: Extra.globo