No momento, você está visualizando ASSETIPÉDIA #3: A história do Nova Olaria

ASSETIPÉDIA #3: A história do Nova Olaria

A capital do Rio Grande do Sul possui muitas histórias que ecoam até hoje nos bairros e ruas da cidade. Um bairro em particular se destaca com seu charme e diversidade cultural, a Cidade Baixa. A Nova Olaria é uma representação da história desse bairro, além de se tornar um ponto de encontro da cultura porto-alegrense.

A localização estratégica na Zona Central e a vida noturna pulsante são características marcantes do bairro mais boêmio de Porto Alegre. Conhecer a história e seus personagens é ainda mais fascinante, nessa matéria você vai entender como um empreendimento pode representar tanto uma região em constante transformação sem esquecer as suas origens.

Eu sempre achei que a Cidade Baixa é o bairro que melhor preserva aquele ambiente de amável convivência característico da Porto Alegre de outros tempos. O Nova Olaria só confirma isto. Até no nome: há coisa mais antiga que um oleiro? A Olaria pode ser nova, mas o que a gente procura lá é aquilo que os antigos oleiros procuravam, segundo Omar Khayiam, na argila que moldavam: o segredo da vida bem vivida.

Sumário

Início Século XIX

  • A Chácara de João José, conhecido como João da Olaria, foi instalada em frente aos “Campos da Várzea do Portão”, próximo da entrada da Vila de Porto Alegre, na chamada Estrada da Várzea. A proximidade do Lago Guaíba permitia a extração de argila ideal para produção de tijolos e telhas. nos fundos da Chácara ficava uma rua precária que sofria com as enchentes, chamada de Rua da Olaria.

1863 – 1870

  • A Câmara Municipal de Porto Alegre mandou aterrar o atoleiro em frente à Rua da Olaria, permitindo assim o desenvolvimento da região pelos açorianos e alguns italianos que já moravam lá.
  • O nome da rua foi alterado em homenagem ao General Francisco Lima e Silva, pai do futuro Duque de Caxias, nesse tempo a imigração italiana crescia na região, junto com escravos fugitivos que viviam em uma harmonia incomum para a época.

1884

  • Algo curioso e inédito no Brasil acontece, sendo 4 anos antes da Lei Áurea, o entusiasmo dos moradores com os rumos da campanha abolicionista estabelecera um pacto no dia 07 de Agosto, os moradores emanciparam todos os escravos da Rua Lima e Silva. O famoso jornal “A Federação” divulgou em letras garrafais “NA LIMA E SILVA, TODOS SÃO LIVRES”. Em homenagem ao feito, os Campos da Várzea do Portão” foram renomeados como “Campos da Redenção”.

1935 – 1944

  • Nos preparativos da Exposição do Centenário da Farroupilha, o “Campos da Redenção” recebeu o nome de “Parque Farroupilha”, quando toda a parte sul foi drenada, nivelada e urbanizada, seguindo um projeto do urbanista francês Alfred Agache.
  • Foi aprovado o alargamento da Rua Lima e Silva em toda sua extensão, com 4 metros de cada lado.

1964 – 1978

  • O novo Auditório Araújo Vianna é inaugurado, com projeto dos arquitetos Moacyr Moojen Marques e Carlos Maximiliano Fayet.
  • A Administração Municipal reuniu um grupo de pessoas para que estas desenvolvessem um projeto de implantação de uma feira de antiguidades, a partir dos modelos já existentes de San Telmo em Buenos Aires e do Mercado de Pulgas em Montevidéu. A Feira das Pulgas, como foi denominada, era composta de 24 expositores que comercializavam objetos antigos, que se tornou o tradicional Brique da Redenção.
Acervo Brique da Redenção

Década de 80

A MFMPA (Montepio dos Funcionários do Munícipio de Porto Alegre), que era proprietária do local onde hoje é a Nova Olaria, encomendou um projeto de revitalização dos galpões que eram alugados para o DAER, o escritório escolhido foi Moojen Marques Arquitetos Associados, coordenado pelo Moacyr.

1995 – 1997

  • O Centro Comercial Nova Olaria foi inaugurado, baseado em um projeto que valorizava a história da região, já que a maioria dos associados da MFMPA eram aposentados que conheciam a história da Cidade Baixa. O pioneiro brasileiro Cine Guion, na época estava instalando no SESC Alberto Bins, após um incêndio no mesmo ano, se mudou para o recém-inaugurado Polo Cultural do bairro. Uma colega professora do arquiteto na Ritter também decidiu empreender no local, criando uma livraria conceitual muito famosa, a Bamboletras.
  • Foi efetuado o tombamento do Parque Farroupilha (Redenção) como Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre.
Acervo Gaúcha ZH

2004 – 2008

  • A falência da MFMPA ocasionou no leilão das lojas do Nova Olaria, a partir do momento que o Centro teve vários proprietários, a conservação começou a ser prejudicada, já que não havia consenso na tomada de decisão.
  • O Centro Comercial Nova Olaria foi incluído no Inventário de Patrimônio Cultural de Bens Imóveis de Porto Alegre e classificado como “a preservar”, dentro do Inventário do Patrimônio Cultural do Bairro Cidade Baixa, talvez a estrutura mais nova da capital a ser classificada assim.

Atualmente

  • A Dallasanta adquiriu o Centro Comercial com o propósito de revitalizar o ponto de encontro da Cidade Baixa, em parceria com a Cyrela, preparou um empreendimento para devolver vida a esse local histórico para Porto Alegre, o Rio Grande do Sul e o Brasil, inclusive com consultoria do filho de Moacyr, o Sérgio Moojen, dando continuidade à visão do pai em novos tempos.

Confira imagens inéditas de como vai ficar a Nova Olaria depois da revitalização!

Este post tem um comentário

  1. Euclides José spiller

    Parabéns. Projetos lindos e modernos para um novo mercado investidor .

Deixe um comentário